Cinco pessoas morreram em um confronto armado durante uma fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na Terra Indígena Sararé, localizada em Pontes e Lacerda, neste sábado (28).
De acordo com a PRF, o confronto teve início na madrugada, quando homens que seriam seguranças de garimpeiros tentaram impedir a fiscalização realizada pelo Ibama. Durante a operação, as autoridades apreenderam um fuzil, uma submetralhadora, uma espingarda calibre 12, duas pistolas, um revólver, além de carregadores e munições.
Nenhum dos agentes e policiais envolvidos na operação ficou ferido. Os corpos das cinco vítimas foram levados de aeronave para a Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) em Pontes e Lacerda.
Chacina em garimpo ilegal
Na última segunda-feira (23), quatro pessoas foram mortas e uma ficou ferida em uma chacina em um garimpo ilegal na mesma região. Entre as vítimas, foram identificados Fabio Tavares Siriano, de 33 anos, e sua esposa, Flavia Melo Miranda Soares, de 20 anos, natural do Acre. Flávia havia viajado até o garimpo para encontrar o marido.
Segundo o delegado João Paulo Berté, a chacina teria sido motivada por uma briga dentro do garimpo, relacionada à disputa por áreas de exploração. Uma das linhas de investigação da polícia é a possível conexão dos envolvidos com uma organização criminosa.
Exploração garimpeira
A Terra Indígena Sararé, que abrange os municípios de Conquista D’Oeste, Nova Lacerda e Vila Bela da Santíssima Trindade, tem enfrentado um aumento expressivo nas atividades de garimpo ilegal nos últimos anos. Esse avanço ameaça o meio ambiente e as comunidades indígenas locais, provocando desmatamento, poluição dos rios e degradação do solo.
Desde 2020, as forças de segurança realizaram várias operações na região. Em uma delas, em abril deste ano, foram apreendidos 22 pás carregadoras e destruídos equipamentos avaliados em mais de R$ 17 milhões. Mesmo assim, os garimpeiros voltam a ocupar a área após a saída das equipes de fiscalização.
Segundo dados do Ministério Público Federal de 2022, cerca de 5 mil garimpeiros estão ativos na TI Sararé. Lideranças indígenas da região afirmam que o território é de grande importância ambiental e cultural, mas enfrenta desafios crescentes devido ao garimpo clandestino.